BULHÕES PATO
( Portugal )
Raimundo António de Bulhão Pato (Bilbau, 3 de março de 1828 – Monte da Caparica, 24 de agosto de 1912), conhecido como Bulhão Pato, foi um poeta, ensaísta e memorialista português, sócio da Academia Real das Ciências de Lisboa. As suas Memórias, escritas em tom íntimo e nostálgico, são interessantes pelas informações biográficas e históricas que fornecem, retratando o ambiente intelectual português da última metade do século XIX.
Filho de Francisco de Bulhão Pato, poeta e fidalgo português, e da espanhola María de la Piedad Brandy, o poeta nasceu em Bilbau, no País Basco, e passou seus primeiros anos no distrito de Deusto. Foi a época dos dois primeiros cercos de Bilbau (em 1835 e 1836), durante a Primeira Guerra Carlista. Em 1837, depois de sofrer grandes transtornos, sua família decide retirar-se para Portugal.
Em 1845, o jovem Raimundo António matricula-se na Escola Politécnica, mas não completaria o curso. Ganhou a vida como 2.º oficial da 1.ª repartição da Direcção-Geral do Comércio e Indústria. Bon vivant, era apreciador de caçadas, viagens, da gastronomia e dos saraus literários, na companhia de intelectuais, como Alexandre Herculano, Almeida Garrett, Andrade Corvo, Latino Coelho, Mendes Leal, Rebelo da Silva e Gomes de Amorim. Com outras personalidades importantes da sociedade portuguesa da época, forneceu receitas para a obra O cozinheiro dos cozinheiros, editada em 1870 por Paul Plantier.
Aderiu à voga ultrarromântica, acrescentando elementos folclóricos e descrições de cenas e tipos populares, em linguagem viva e coloquial. O poema narrativo Paquita, sucessivamente reeditado de 1866 a 1894 e que o tornou célebre, parece já prenunciar um certo realismo, enquanto sua poesia satírica reflete uma certa preocupação social.
Em 1850, publica o seu primeiro livro, Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato; em 1862 aparece o segundo, Versos de Bulhão Pato, e, em 1866, o poema Paquita. Publicaram-se depois, em 1867 as Canções da Tarde; em 1870 as Flôres agrestes; em 1871 as Paizagens, em prosa; em 1873 os Canticos e satyras; em 1881 o Mercador de Veneza; em 1879 Hamlet, traduções das tragédias de William Shakespeare e do Ruy Blas de Victor Hugo. Em 1881 seguindo-se outras publicações: Satyras, Canções e Idyllios; o Livro do Monte, em 1896.
Para o teatro, escreveu apenas uma comédia em um acto, Amor virgem n'uma peccadora, encenada no Teatro D. Maria II em 1858 e publicada nesse mesmo ano.
Foi colaborador em diferentes publicações periódicas, nomeadamente: A Época (1848-1849) jornal fundado e dirigido por Andrade Corvo juntamente com Rebelo da Silva; Revista do Conservatório Real de Lisboa (1902), Pamphletos (1858), A illustração portugueza (1884-1890) A Semana de Lisboa (1893-1895), Revista Peninsular, Gazeta Literária do Porto (1868), Revista Universal Lisbonense - Branco e Negro (1896-1898) e Brasil-Portugal[15], Serões (1901-1911), Ilustração Luso-Brasileira (1856-1859) e na Revista Contemporânea de Portugal e Brasil (1859-1865), Tiro civil (1895-1903) entre outros.
Por seu ultrarromantismo, influenciado por Lamartine e Byron, e seus dotes culinários, Bulhão Pato acreditou ter servido de inspiração a Eça de Queirós na composição do personagem — algo caricatural — do poeta Tomás de Alencar, que aparece em Os Maias (1888).[20] Ao se crer retratado no romance — o que Eça negou, em uma deliciosa carta ao jornalista Carlos Lobo d'Ávila
—, Bulhão Pato parece ter ficado furioso e, em resposta, escreveu as sátiras "O Grande Maia" (1888) e "Lázaro Cônsul" (1889).
Obras
Poesias de Raimundo António de Bulhão Pato (1850)
Versos de Bulhão Pato (1862) (eBook)
Digressões e Novelas (1864)
Paquita (1866)
A José Estevão (1866) (eBook)
Canções da Tarde (1867)
Flôres agrestes (1870)
Paizagens (1871)
Biografia: https://pt.wikipedia.org/wiki/Raimundo_Ant%C3%B3nio_de_Bulh%C3%A3o_Pato
LIVRO DOS POEMAS. LIVRO DOS SONETOS; LIVRO DO CORPO; LIVRO DOS DESAFOROS; LIVRO DAS CORTESÃS; LIVRO DOS BICHOS. Org. Sergio Faraco. Porto Alegre: L.P. & M., 2009. 624 p. ISBN 978-85-254-1839-1839-5 Ex. bibl. Antonio Miranda
ANJO CAÍDO
Na flor da vida, formosa,
ingênua, casta, inocente,
eras tu no mundo, rosa!
Quem te arrojou de repente
para o abismo fatal?
Viste um dia o sol de abril;
o teu seio virginal
sorriu alegre e gentil.
Ergueu-se aos clarões suaves
d´aquela doce alvorada
a tua face encantada.
Amaste o doce gorjeio
que desprendiam as aves,
e no teu cândido seio
quanto amor, quanta ilusão
alegre pulava então.
Mal haja o fatal destino,
maldita a sinistra mão,
que em teu cálix purpurino
derramou fera e brutal
esse veneno fatal.
Hoje és bela; mas teu rosto
que outrora alegre sorria,
é todo melancolia!
Hoje nem sol, nem estrela,
para ti brilha no céu;
mal haja que te perdeu!
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Página publicada em janeiro em 2023
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